Linha de Tempo
No primeiro momento, nós professores, coletamos dados dos alunos, através de uma entrevista sobre brinquedos e brincadeiras. O passo seguinte foi a entrevista realizada pelos alunos com seus familiares. As perguntas eram as mesmas: quais eram as brincadeiras, que brinquedos tinha e que brinquedos desejava. Assim, embora em tempos diferentes, pais e filhos pensaram sobre o mesmo período da vida:a infância.
A contagem total dos dados de pais e alunos de todos os professores gerou tabelas/gráficos que podem ser interpretados da seguinte forma, no que diz respeito às semelhanças:
-dentre os brinquedos que têm ou tinham, percebe-se que “boneca” atravessa os tempos sendo um item muito desejado. Ao brincar com bonecas, crianças fazem de conta que são pais e vão repetir aquilo que observam a mãe fazendo na rotina da casa.A criança transfere para a brincadeira, as atividades do dia-a-dia. As crianças repetem esta brincadeira desde os tempos mais remotos.
-o mesmo acontece no item “bicicleta”, é o terceiro brinquedo mais lembrado pelos dois grupos;
-"jogar bola" tem sido a maior diversão na infância brasileira, principalmente da infância mais pobre e masculina, dos meninos de pés descalços, das periferias, dos lugares onde sobra algum espaço para brincar. Pés descalços e bola são alguns dos ingredientes mágicos dessa brincadeira de rua que ensinou um país inteiro a jogar futebol melhor do que ninguém.O futebol brasileiro foi gerado nos centros urbanos. Antigamente, havia espaço para jogar futebol nas cidades; jogava-se bola nas chamadas várzeas. Onde havia espaço livre, havia crianças brincando, havia futebol. Hoje os espaços são mais restritos, porém jogar bola continua sendo uma brincadeira significativa na infância de pais e filhos, pois privilegia aspectos cooperativos onde a criança age em conjunto para superar um desafio ou alcançar uma meta bem como contribui para o desenvolvimento do sentido de pertencer a um grupo.
E, no que diz respeito às diferenças, os dados podem ser interpretados da seguinte forma:
-a primeira diferença que aponto é a questão dos brinquedos eletrônicos serem os mais desejados pelos alunos e pouco lembrados pelos familiares.Brincar com a tecnologia é uma adaptação e um comportamento natural. As crianças num mundo de alta tecnologia irão explorá-la e usá-la para brincar de faz-de-conta.Porém, essa modernidade não é regra geral: devido à falta de recursos financeiros é comum entre as crianças e jovens da periferia jogar bola na rua ou brincar de bolinhas de gude.Outro fato curioso entre as crianças das camadas sociais altas é que estas, dificilmente compartilham algum tipo de jogo. A tecnologia, ao mesmo tempo em que trouxe uma gama de opções ao mercado, tornou a diversão sedentarizada e individual.
-a outra diferença que destaco diz respeito às brincadeiras “taco” e “carrinho de lomba”, lembrada pelos pais e totalmente desconhecidas pelos alunos. Brincadeiras que parecem ter ficado perdidas em algum lugar da história.O ato de brincar era muito comum nas famílias. E brincadeiras como essas, geralmente, eram ensinadas pelos pais, passadas de geração para geração.Hoje,a falta de tempo dos pais,prejudica esse processo. A tradição dos jogos infantil, o ato de correr e de pular, parecem em desuso. Às vezes, só se mantêm pela ação de pedagogos e professores nas escolas, que introduzem as práticas no dia-a-dia escolar para buscar desenvolver aquilo que as brincadeiras propiciam: o desenvolvimento psicológico e motor.Outro fator a ser destacado para justificar o desaparecimento dessas brincadeiras é o da insegurança nas grandes cidades brasileiras que está privando as crianças da rua.
Foi mais fácil encontrar as semelhanças entre as tabelas, do que as diferenças. Concluo, então, que apesar de haver diferença de tempo em que as infâncias ocorrem, no que diz respeito às brincadeiras e brinquedos que têm, as preferências continuam as mesmas: pais e filhos continuam divertindo-se do mesmo jeito, jogando bola ou brincando de boneca!
Comments (2)
Anonymous said
at 4:47 pm on Aug 13, 2007
Querida Zinara, apontas muito bem as semelhanças e diferenças. Mas, tenho certeza de que terias muito mais a dizer em uma análise mais densa. Notas que ficas no primeiro degrau? Identificas mas não analisas as causas e as consequências que poderiam estar embutidas naquilo que apontas. Que tal aprofundar? Por exemplo, porque será que o carrinho de lomba ficou perdido em um tempo x da história? O que fez ele se perder?
Um abração
Bea?
Anonymous said
at 11:30 am on Aug 15, 2007
Oi Zinara que beleza!! Agora sim tens um texto respeitável quanto ao conteúdo analítico!! Na verdade, eu já sabia que isso seria possível, por isso mesmo te dei o toque. Eu sei muito bem que o tempo tem sido um grande inimigo da qualiddae dos trabalhos de vocês. Mas, temos que achar formas de dribá-lo!! Valeu!!
Um abração
Bea
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